Resenha: Pequena Abelha - Chris Cleave

Título: Pequena Abelha
Título Original: The Other Hand
Autor (a): Chris Cleave
Editora: Intrínseca
Páginas: 272
SKOOB
Não queremos lhe contar o que acontece nesse livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte: Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola.


"Cleave é um narrador com nervos de aço, seu romance é ameaçador e deslumbrante como a própria vida."  Booklist

"Uma obra de arte: Perturbadora, excitante e muito comovente."  The Independent

"Uma história arrebatadora."  The New York Times

"Belamente Escrito."  The Sunday Tribune


Esta é uma obra, daquelas com o poder de deixar uma marca em nós, uma marca que jamais será apagada. E isso é o que há de mais mágico em uma leitura.
Resenhar o livro Pequena Abelha é uma tarefa de exímia dificuldade, pois é uma história única e que simplesmente se repete na vida de milhares de refugiados e refugiadas.
Não é a simples narrativa de uma vida, é a narrativa de uma vontade imensa de viver.

Pequena Abelha, ou Abelhinha, é uma garota nigeriana de 16 anos que está refugiada/presa na Inglaterra, após uma violenta ocupação em seu país, por outras nações pela busca de petróleo. A história começa sendo narrada, por ela mesma, enquanto está no Centro de Detenção de Imigrantes Black Hill, no qual está há dois anos. Neste dia, ela está sendo liberada junto com outras mulheres. Sem seus próprios documentos, mas com muita força e realmente muita esperança, Abelhinha vai atrás do casal que conheceu na Nigéria anos atrás em um encontro tenebroso. Este casal que teve a vida marcada para sempre, assim como o destino de Abelhinha. A única coisa que Abelhinha tem é a carteira de motorista de Andrew O'Rourke, e é com ela que ela consegue encontrar Andrew e Sarah, o casal de conceituadíssimos jornalistas, Andrew colunista do The Times e Sarah editora chefe da própria revista, Nixie e pais do pequeno Charlie, de 4 anos, que tem a absoluta certeza de que é o Batman e não tira sua fantasia por nada no mundo. Mas que para Abelhinha são simplesmente as pessoas mais importantes de sua história, responsáveis por ainda viver e agora, sua única esperança.

Daí em diante a história de ambos sofre consideráveis guinadas, e vamos aos poucos conhecendo os personagens, sua rotina, medos e segredos, principalmente Sarah (que alterna os capítulos de narrativa com Abelhinha).

[...] peço-lhe neste instante que faça o favor de concordar comigo que uma cicatriz nunca é feia. Isto é o que aqueles que produzem as cicatrizes querem que pensemos. Mas você e eu temos de fazer um acordo e desafiá-los. Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi". Pg. 17

Eu acabei colocando as críticas positivas no início da resenha (e que estão na capa e contra capa do livro) porque quero tentar passar a vocês a mínima noção da intensidade desta história.

A narrativa é em primeira pessoa (amoamoamo), alternando capítulos entre a Pequena Abelha e Sarah. Quando comecei a lê-lo, pela narrativa da Abelhinha, senti que estávamos sentadas juntas e ela me contava sobre sua história de vida... Foi realmente um mergulho na história, portanto deixo aqui meu imenso respeito e admiração pela escrita de Cleave.

A ordem cronológica dos fatos é decrescente, do começo do livro até pouco mais da metade, daí em diante é o desenrolar e o desfecho dos fatos.

Há, na contracapa, a seguinte frase "O encanto está sobretudo na maneira como esta narrativa se desenrola." E não há outra forma que eu encontre para descrever o livro a vocês. O encanto está todo aí. As vidas dos protagonistas se chocam no passado e este encontro os muda para sempre. Mas todos os mistérios que envolvem este dia fatídico e a vida destas pessoas, vão se desenrolando ao decorrer da leitura e, permito-me dizer, que é justamente este suspense e mistério que impulsiona a leitura e a torna ainda mais emocionante.

Chá tem o mesmo gosto da minha terra: é amargo e quente, forte e carregado de lembranças. Tem gosto de saudade. Tem o gosto da distância entre onde você está e de onde você veio. E também desaparece – o gosto desaparece na língua enquanto os lábios ainda estão quentes da xícara. Desaparece, como as plantações se estendendo para dentro da bruma. Ouvi dizer que em seu país se toma mais chá do que em qualquer outro. Imagino como isso deve deixar vocês tristes – iguais a crianças que anseiam pelas mães ausentes. Sinto muito. Pg. 136

Os fatos são incrivelmente intensos e todas as histórias de vida que se envolvem e aparecem na narrativa foram marcadas por fatos terríveis. Conforme vamos conhecendo a antiga vida da Pequena Abelha, antes de sua aldeia ter sido dizimada "pelos homens", é impossível não se comover, não somente com ela mas com milhares de meninas, meninos, filhos, pais, irmãos, irmãs que tem a vida ceifada da forma mais brutal e terrível que nós, em nosso mundinho confortável, nem sonhamos que possa existir.

Capa e contracapa são lindas, diagramação impecável e erros, nenhum que eu tenha notado rsrs.
A crítica que tenho a fazer ao livro é quanto à personagem Sarah. Possui uma personalidade fraca e muito confusa e, como os capítulos são narrados também por ela, a leitura se torna cansativa nessas partes.

Há também grades controvérsias quanto à forma da narrativa da história. Do presente para o passado e então ao futuro. Apesar de ter gostado, confesso que são super cansativos os rodeios que o autor faz para desvendar os mistérios e fatos, recontando muitas partes do livro na visão de ambas as narradoras.

No final, eram só gritos. Primeiro eram gritos de dor mas finalmente mudaram e pareciam os gritos de um bebê recém-nascido. Não havia dor neles. Eram automáticos. Não paravam. Cada grito era exatamente o mesmo, como se fosse uma máquina que os produzisse.
Pg. 138

Há muito mistério e praticamente nada revelado na sinopse, então quando peguei o livro, realmente não sabia o que esperar, ou o que iria encontrar. Mas me surpreendi muito! Abelhinha é uma personagem incrível e cativante, amei ler os capítulos por ela contados.

Considero esta, uma leitura indispensável e, na verdade, necessária. É um tapa na cara, um "acorde pra vida" e valorize cada lágrima que você derrama, cada motivo que tem pra viver e cada motivo que você acha que te fará desistir.

Prepare uma confortável poltrona, muitos lenços de papel e mergulhe nesta obra incrível. Cleave já é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores escritores que já conheci.




12 comentários:

  1. Interessantíssimo! Parabéns pela resenha. Aliás, todo o blog está com um conteúdo realmente incrível. Ótimo trabalho ;}

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    1. Obrigada! Que ótimo que tenha gostado!
      Volte sempre que quiser ;)
      Beijos!

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  2. Oi! Meu blog foi indicado para o Selo: Versatile Blogger, e escolhi seu blog para ser indicado entre os 15!
    Beijos <3

    http://plocker.blogspot.com.br/2013/09/selo-versatile-blogger.html

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  3. Olá,
    há tempos q tenho vontade de ler esse livro, e com seu comentário me deu mais ânimo, logo, logo, iniciarei a leitura, e vou querer comentar com vc tb, certo?

    Abraços e boas leituras!!!
    http://amandatrindadepalavrasaovento.blogspot.com.br/

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    1. Amanda garanto que você não vai se arrepender. E adorarei comentar e trocar ideias!
      Beijos

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  4. Não conhecia este livro mas fiquei bem interessado depois de ler sua resenha, parece ser um livro marcante.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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  5. Oi Julia! Li esse livro alguns meses atrás, e é realmente muito bom, apesar que o autor titubeia muito (demais até) e fica um pouco cansativo de ler, a história acaba sendo mais forte que esse fato, sendo que a Abelhinha é uma personagem super cativante, e também o "Batman", e me apaixonei com o fim do livro, é emocionante mesmo.

    Beijos!
    http://gimmeflowers.blogspot.com.br/

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    1. Oii Lu! Realmente Cleave "enrola" muito, mas eu até gosto desse aspecto pois enriquece bastante os personagens e situações e eu amo esse tipo de narração introspectiva. Mas concordo contigo, algumas partes são muito cansativas!
      É emocionante e único!
      Beijos linda!

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  6. Oi, eu PRECISO desse livro, ou sua resenha é muito boa ou o livro é muito interessante, ou os dois, só sei que eu gostei muito e preciso realmente ler!
    Ah, gostei muito do blog também, é um encanto!
    Abraços!

    http://www.historiaspossiveis.com/

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    1. Leia sim Daniele! Não vai se arrepender ;)
      O livro é ótimo e tentei ao máximo fazer uma resenha legal hehehe.
      Que bom que gostou do blog, apareça mais vezes!
      Beijos!

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  7. FUI ILUDIDO PELA RESENHA.
    O LIVRO É RUIMMM DE +++ MAIS
    O FINAL QUE BARULHEIRA E QUE BAGUNÇA MAIS SEM PE NEM CABEÇA.

    RUIM DEMAIS

    ALEXANDRE ALMEIDA

    NOTA ZEROOOO

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    1. Olá Alexandre Almeida!
      Como supracitado na resenha, o livro foi uma experiência marcante e única para mim. Ainda é um de meus livros favoritos e que considero mais belos.
      Lamento imensamente por você não ter experenciado a obra tal qual eu e muitos outros leitores o fizeram.
      O final é um fluir intenso de emoções que demonstram, simultaneamente, o amor e a crueldade humanas. E o "pé" e a "cabeça" deste final são justamente o confluir desta oposição de sentimentos humanos: amor, compaixão e crueldade, ódio.

      Novamente, sinto muito por você não ter compartilhado da essência da obra.
      Mas, futuramente, procure se informar mais sobre determinado assunto e, principalmente, conhecer a si mesmo para saber que gêneros e que narrativas lhe agradam mais.
      Pois, de modo algum, escrevo resenhas para ILUDIR qualquer leitor. Escrevo sobre as obras que li e falo delas o que foram para mim. O leitores do Vanille Vie, sempre muito educados, são como amigos com o quais compartilho experiências e indico-as.
      Jamais os obrigo, engano ou iludo.
      E, como humanos (com existências constantemente em mudança), somos perfeitamente divergentes quanto à opiniões.
      Nos cabe saber respeitá-las.

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